Um ‘Júlio César’ em tons de preto, branco e cinza

Melek Ozcelik

Kareem Bandeal (da esquerda), Julian Parker, Arya Daire e Scott Parkinson na produção do Writers Theatre de 'Júlio César' de Shakespeare. | Michael Brosilow




Foi um aristocrata, historiador e político britânico do século 19 que observou a famosa frase: O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe de maneira absoluta. Grandes homens quase sempre são maus. Claro, séculos antes, foi um dramaturgo britânico de nome William Shakespeare que explorou incontáveis ​​aspectos deste adágio em peças como Macbeth, Ricardo III e Tito Andrônico, com Júlio César, retirado diretamente da história romana antiga, oferecendo uma apresentação particularmente concisa e olhar claro para o caos que pode resultar depois de um homem que assumiu muito poder é removido.



Assistindo à produção tensa, clara, reduzida e estilizada do Writers Theatre de Julius Caesar - codirigida por Michael Halberstam e Scott Parkinson - é impossível não pensar em uma série de déspotas recentes no Oriente Médio cuja remoção, ou tentativa de remoção, foram aplaudidos brevemente e depois seguidos por tal dissensão interna calamitosa que alguns anseiam pelos bons velhos tempos. Pense em Saddam Hussein do Iraque, Muammar Gaddafi da Líbia, Hosni Mubarak do Egito. E lembre-se de como, na maioria das vezes, embora o grito inicial seja contra a corrupção e o poder absoluto, e pela democracia, tirar a tampa da panela invariavelmente resulta em caos e muitas lutas internas de poder acaloradas.

'JÚLIO CÉSAR'

Recomendado



Quando: Até 16 de outubro

Onde: Teatro de Escritores,

325 Tudor Court, Glencoe



Ingressos: $ - $ 80

Info: (847) 242-6000;

http://www.writerstheatre.org



Tempo de execução: 1 hora e

45 minutos sem intervalo

Madri Santo Ângelo interpreta o personagem-título da produção do Teatro dos Escritores de Júlio César. | Michael Brosilow

Madri Santo Ângelo interpreta o personagem-título da produção do Teatro dos Escritores de Júlio César. | Michael Brosilow

Júlio César (Santo Ângelo de Madri) deu um passo gigante longe demais quando, depois de liderar uma campanha militar massiva que estendeu e garantiu o Império Romano, ele voltou para casa, assumiu o controle do governo, fez muitas reformas e então começou a agitar o apoio público para que ele seja declarado ditador perpétuo em vez de chefe da República? Sua recusa altamente teatral da coroa - quando oferecida a ele três vezes por seu forte apoiador, Mark Anthony (Thomas Vincent Kelly), e para os aplausos das massas agitadas de seus apoiadores romanos - estava além da tolerância? (O evento é lindamente narrado aqui por Julian Parker como Casca.)

Para ter certeza, esse jogo de poder irritou Cassius (o astuto Parkinson), um senador romano possuidor de uma natureza conspiratória fria. E ele, por sua vez, pressiona Brutus (o intenso Kareem Bandealy), um colega político nas boas graças de César, a participar de um plano de assassinato. Brutus luta para racionalizar tal ação, descrevendo-a como uma medida preventiva. E apesar das terríveis advertências de um adivinho (Arya Daire) para ter cuidado com os idos de março e da expressão fervorosa de medo de sua própria esposa, Calphurnia (Christine Bunuan), César, aparentemente convencido de sua indomabilidade, dirige-se ao Fórum e está esfaqueado até a morte.

Em seguida, vêm os discursos destinados a influenciar ainda mais a vontade do povo, com Brutus defendendo o assassinato em defesa de Roma, e aquele menino de ouro, Marco Antônio (com Kelly contida, mas eloqüente em sua longa oração que começa com Amigos, Romanos, conterrâneos, emprestem-me seus ouvidos), enfim voltando a opinião pública contra os assassinos, lembrando-os de tudo o que César fez por eles, inclusive deixando uma distribuição de dinheiro para cada cidadão em seu testamento.

A guerra civil é inevitável, assim como o desaparecimento gradual do império. Até mesmo o vínculo necessário entre Brutus e Cássio se desfaz, mas em uma das cenas mais fortes do show é remendado, em grande parte por causa da notícia do suicídio da amada esposa de Brutus, Portia (Daire).

A produção do Writers Theatre (cujo elenco também inclui uma virada poética e acalorada de Matt Hawkins como o jovem doente Caius, com Sydney Germaine como Octavius, o filho adotivo de César), é falada com meticulosa atenção ao significado e uma intensidade controlada que carrega até mesmo nas cenas de violência. A vida real fornece mais do que o suficiente dessas cenas atualmente, então elas dificilmente precisam ser simuladas, e o sangrento do assassinato aqui vem na forma de fitas vermelhas, bem à maneira do drama japonês. E embora alguns possam achar que essa visão da peça não tem sangue de outras maneiras, ela parece certa para o momento atual, quando a guerra, de uma forma ou de outra, é quase tida como certa.

Em termos de design, este Julis César é principalmente preto, branco e cinza, com uma explosão de vermelho para a capa de César (os trajes são de Mara Blumenfeld). O cenário de Courtney O’Neill (iluminado por Jesse Klug) é uma abstração de colunas sólidas e desordenadas, com Mike Tutaj fornecendo o tumulto no ar por meio de projeções. O uso de sublinhados musicais brandos ao longo de uma cena inicial crucial é imensamente perturbador neste drama que vai da discussão à ação e ao arrependimento.

Thomas Vincent Kelly (à esquerda) interpreta Mark Antony, com Sydney Germaine como Octavius, na produção do Writers Theatre de Júlio César. | Michael Brosilow

Thomas Vincent Kelly (à esquerda) interpreta Mark Antony, com Sydney Germaine como Octavius, na produção do Writers Theatre de Júlio César. | Michael Brosilow

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